Jesus virá sobre as nuvens para julgar os vivos e os mortos. Sim, Deus o enviará, como o envia todos os dias, para dar essa justiça soberana nas planícies imensas do éter.
Ah! Quando São Tiago foi precipitado do alto da torre do templo de Jerusalém, pelos pontífices e pelos fariseus, por ter anunciado, ao povo reunido, essa verdade ensinada pelo Cristo e seus apóstolos, lembrai-vos de que, a essa palavra do justo, a multidão se prosterna exclamando:
Glória a Jesus, filho de Deus, no mais alto dos Céus!
Ele virá sobre as nuvens em terrível reunião plenária: não é para vos dizer, ó Espíritas, que ele venha perpetuamente receber as almas daqueles que entram na erraticidade? Passai à minha direita, diz às suas ovelhas o pastor, vós que bem agistes segundo as vistas de meu Pai, passai à minha direita e subi até ele; quanto a vós que vos deixastes dominar pelas paixões da Terra passai à minha esquerda, estais condenados.
Sim, estais condenados a recomeçar o caminho percorrido, numa nova existência terrestre, até que estejais saciados de matérias e de iniquidades, e que, enfim, tenhais expulsado o impuro que vos domina. Sim, estais condenados; ide e retornai, pois, ao inferno da vida humana, enquanto que vossos irmãos da mão direita vão se lançar para as esferas superiores, de onde as paixões da Terra estão excluídas, até o dia em que entrarão no reino de meu Pai para uma maior purificação.
Sim, Jesus virá julgar os vivos e os mortos; os vivos: os justos, os de sua direita; os mortos: os impuros, os de sua esquerda; e quando as asas empurrarem os justos, a matéria se apoderará ainda dos impuros; e isto, até que estes saiam vencedores dos combates contra a impureza, e se despojem, enfim, para sempre, de suas crisálidas humanas.
Ó Espíritas! Vedes que vossa doutrina é a única que consola, a única que dá a esperança, e não condenando a uma condenação eterna os infelizes que se comportaram mal durante alguns minutos da eternidade; a única, enfim, que prediz o fim verdadeiro da Terra pela elevação gradual dos Espíritos.
Progredi, pois, despojando o velho homem, para entrar na região dos Espíritos amados por Deus.
Erasto, Paris 1861
Revista Espírita, fevereiro de 1868