Quem disse, coração, que a prova te agrilhoa?
Que não tens condições para fazer o bem?
Olha a terra em que estás, maravilhosa e boa,
Sustentando e brunindo a força que a mantém!…
A árvore entrega ao vento as próprias folhas mortas,
O rio lança ao mar os detritos do mundo.
Muitas vezes, a flor com que te reconfortas
Vem de semente, ao léu, no pânico profundo…
Verte o ouro aos filões ocultos no cascalho.
O brilhante mais puro foi carvão.
Sob o trator, a gleba é um cântico do trabalho,
Acalentando, humilde, a luz da evolução.
Não te digas inútil, nem te rales
Em assuntos hostis de azedume e tristeza;
Segue, deixando ao longe amarguras e males,
A estrada é um festival de esplendor e beleza!…
Nada se perde. A dor é o berço da alegria,
O gelo unicamente é ausência de calor,
Tudo o que foge à lei, de novo, se inicia,
Tudo a vida refaz nas gradações do amor.
Ampara, ama, abençoa!… Agindo e crendo, avança!…
A Caridade irmana, o Bem constrói à paz!…
Deus te envia ao caminho as asas da esperança,
Esquece-te a servir, confia e vencerás!..
Maria Dolores, do livro “O Homem Coração”, psicografado por Chico Xavier
Poema recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública de beneficência do Centro Espírita União, em São Paulo, na noite de 3 de outubro de 1984. Fonte: O Espírita Mineiro, número 196, julho/outubro de 1984.