Lua cheia… Na choça a que se apega, Morre Vital, velhinho, olhando o morro… Por prece, escuta a arenga do cachorro, Ganindo nas touceiras da macega. |
Pobre amigo!… Agoniza sem socorro, Chora lembrando o milho na moega… Oitenta anos de lágrimas carrega Na carcaça jogada ao chão sem forro. |
Suando, enxerga um moço na soleira, –Eu sou leproso… – avisa em voz rasteira, Mas diz o moço, envolto em luz dourada: |
–Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!… E o velho sai das chagas de mendigo Para um carro de estrelas da alvorada. |
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