Incontestavelmente, está reconhecido que vossa época é uma época de transição e de fermentação geral, mas ela ainda não chegou a esse grau de maturidade que marca a vida das nações. É ao vigésimo século que está reservado o retoque da Humanidade; todas as coisas que vão aqui se cumprir não são senão os preliminares da grande renovação. O homem chamado a completá-la, ainda não está amadurecido para cumprir sua missão, mas ele já nasceu, e sua estrela apareceu na França marcada com uma auréola, e vos foi mostrado na África há pouco tempo. Seu caminho está marcado antecipadamente. A corrupção dos costumes, as infelicidades que serão a consequência do desencadeamento das paixões, o declínio da fé religiosa, serão os sinais precursores de seu advento.
A corrupção, no seio das religiões, é o sintoma de sua decadência, como ela é o da decadência dos povos e dos regimes políticos, porque é o indício de uma falta de fé verdadeira; os homens corrompidos arrastam a Humanidade a um pendor funesto, de onde ela não pode sair senão por uma crise violenta. Ocorre o mesmo com as religiões que substituem, ao culto da Divindade, o culto do dinheiro e das honras, e que se mostrem mais ávidos de bens materiais da Terra do que de bens espirituais do céu.
(FÉNELON, Constantinopla, dezembro de 1861).
Revista Espírita, fevereiro de 1868