A Religião (não nos referimos às seitas religiosas) e a Higiene guardam entre si relações muito íntimas. Exercem funções idênticas, visto como o objetivo visado pela Religião é o mesmo colimado pela Higiene: prevenir.
A missão de ambas consiste em evitar as enfermidades que podem afetar o homem considerado em seu duplo aspecto, físico e moral.
A Religião é a higiene da alma. A Higiene é a religião do corpo.
Na ignorância desta verdade científico-religiosa, a maioria dos crentes só se lembram da Religião quando se veem sob o jugo angustioso da dor.
Depois de haverem gerado e mantido a causa, pretendem que a Religião anule os efeitos. Esquecem-se de que a Religião não destrói a lei, assim como a Higiene não ressuscita os mortos.
O caráter da Religião, como o da Higiene, é essencialmente profilático.
Religião e Higiene instruem, ensinando os meios de possuirmos e conservarmos a saúde do corpo e do Espírito, sem o que não pode existir alegria de viver.
Todas as regras de moral, prescritas pela Religião, são preceitos de Higiene, e todas as prescrições higiênicas são, a seu turno, mandamentos religiosos.
A verdade, em medicina, está na Higiene. De outra sorte, “a enfermidade é herança do pecado”, disse o único Médico que curava as doenças da Humanidade.
Procurar a saúde nas pílulas e a felicidade presente ou futura nos rituais, importa num erro científico-religioso e numa superstição.
Mente sana in corpore sano.
Vinícius, do livro Em Torno do Mestre, psicografia de Chico Xavier