As orações dos santos e o som das trombetas. A abertura do “sétimo selo” principia salientando as “orações dos santos”, que, para nós, representam os “atos de amor a Deus e ao próximo, praticados pelos Espíritos de caridade e pelos encarnados que se dedicarem a esse trabalho”; elas se salientam tanto que chegam a abalar as potências inferiores do espaço, que atuarão de forma quase visível na sua luta contra o bem. Referimo-nos às “potências do mal”, pois, como é sabido entre os espíritas, a luta não é só no mundo visível, mas também no invisível.
Segue-se o “som das trombetas”.
As quatro primeiras trombetas são os avisos incessantes e reiterados, que já têm sido e continuam a ser feitos, dos cataclismos de ordem moral e material, por que tinham de passar, está passando e vai passar o nosso planeta. Tais são as erupções vulcânicas, os terremotos, os maremotos, as inundações, as tempestades, desmoronamentos de terras – cidades atiradas no abismo dos mares, como vai acontecer principalmente na Itália, país bem assinalado no Apocalipse, as guerras em terra, no mar e nos ares, os fenômenos atmosféricos, os eclipses, – ao que também se refere o cap. XXIV do Evangelho de S. Mateus, para não citar os dois outros evangelistas: Marcos e Lucas.
Entre a 4.ª e a 5.ª trombeta, voa uma ÁGUIA, que representa um Espírito de sabedoria que se compadece dos habitantes da Terra, pois o período de transformação física, da Terra, e moral, dos habitantes, não cessou ainda, e mais três trombetas hão de soar.
“Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra por causa das outras vozes da trombeta dos três anjos, que ainda têm de tocar”! (1).
(1) – Apocalipse, VIII, 13.
CAPÍTULO IX
Ao som da quinta trombeta cai do céu na terra uma ESTRELA. Deve ser um Espírito decaído, um gênio altamente científico, mas atrasado em moral, o qual baixou a este mundo com uma nova invenção, que foi destinada aos artifícios de guerra – quem sabe se os aviões de artilharia, que lançam bombas nas cidades, levando o pânico às populações, mas que poucos estragos relativamente fazem, produzindo mais o terror que a destruição e a morte? “São gafanhotos alados que não fazem danos às ervas, mas atormentam os homens”!
Este é o primeiro ai.
Quando soou a sexta trombeta (2) apareceram diante do profeta os exércitos em pé de guerra; “os cavalos tinham cabeças como de leões, e das suas bocas saíam fogo e fumo e enxofre, e os que estavam montados sobre eles tinham couraças de fogo, de jacinto e de enxofre”. São os quatro anjos presos junto do grande Rio Eufrates que foram soltos”.
(2) – Apocalipse, IX, 13.
Esta visão, que sucedeu imediatamente à do quinto selo, nos parece uma alusão clara às quatro nações: Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bulgária, (1) que foram, pode-se dizer, as potências promotoras da guerra e que mais próximas se acham do rio Eufrates.
(1) – Referência a acontecimento da Primeira Grande Guerra Mundial – 1.914 a 1.918.
A referência deste capítulo se encontrará – parece-nos – no capítulo VI, 2 e 3, já por nós explicado, lembrando os horrores ocasionados pela guerra, no momento em que escrevemos, com a circunstância de já se ter ela estendido por quase todo o mundo, sendo sustentada pelas quatro nações acima referidas.
Chamamos a atenção do leitor para a decadência moral, para a falta de sentimento religioso que lavra nas sociedades humanas, fato exarado no mesmo capítulo do Apocalipse pelas seguintes expressões: “Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das abras de suas mãos, para que não adorassem os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra, de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; e não se arrependeram dos seus homicídios nem das suas feitiçarias, nem da sua devassidão, nem dos seus furtos” (2).
(2) – Apocalipse, IX, 20 e 21.
Por Cairbar Schutel. Primeira edição deste livro ocorreu no dia 21 de setembro de 1918.