Demonstração da mortalidade – a pesca maravilhosa

Para melhor gravar na alma de seus discípulos a realidade absoluta da sobrevivência, Jesus, o Mestre e Senhor, não se satisfez com as provas que já lhes havia dado da Vida do Além; reiterou essas provas com outros tantos fatos inequívocos e peremptórios, que representam o quanto pode o Espírito desintegrado do seu corpo mortal e na sua existência real de Vida Eterna.
A pesca maravilhosa, a ação que o Mestre exerceu sobre seus seguidores, os atos que lhes apresentou, ao partir o pão, ao distribuir os peixes, enfim, repetindo caracteristicamente o que já havia feito, quando com eles vivia em sua manifestação corporal, aparecendo, comunicando-se, reatando relações com os entes que lhe eram caros, Jesus, não só lhes quis dar uma prova do seu amor, como também salientar que a aparição e comunicação dos Espíritos representa a Lei Providencial para que o homem compreenda em que consiste a Vida e o que é a Morte.
Parece claro e lógico que, se fosse condenada por Deus a comunicação entre ambos os mundos — o visível e o invisível — Jesus, o Mestre por excelência, o Representante, o Enviado do Supremo Senhor, o Executor de Suas leis, não teria sancionado com o exemplo essa lei que rege ambos os mundos.
Se é crime exercer esse ministério, como julgam erroneamente os corifeus das religiões sacerdotais, Jesus é criminoso, infrator da Lei, em vez de cumpridor da mesma!
E será crível que o Mestre, que se nos apresentou como o exemplo vivo da Verdade, ele que se afirmou o Caminho, a Verdade e a Vida, e que disse não passar da Lei um til sem que tudo fosse cumprido, infringisse a Lei com essas aparições e manifestações?
As aparições do Cristo autorizam forçosamente as aparições dos mortos, e, consequentemente, as suas comunicações conosco.
Paulo, que é doutor nesta matéria, diz: Se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou, e é vã a nossa fé.
Ressurreição quer dizer aparição, manifestação, comunicação, palavras que, traduzidas em fatos, se acham estreitamente ligadas. E assim como os Apóstolos se inteiraram da Ressurreição do Cristo entretendo com ele relações de amizade e simpatia, os verdadeiros cristãos, que sabem que a vida em sua realidade é una e que a existência terrestre não é mais que uma fase da Vida Real, também se inteiram da ressurreição dos mortos comunicando-se com eles!
Se é pecado, se é crime entreter relações com os que se passaram para o Além, ipso facto não pode deixar de haver pecado nas comunicações do Cristo e nas dos santos, cujas narrativas enchem as páginas da História.

Cairbar Schutel, do livro Parábolas e Ensinos de Jesus, 1ª Edição – 1928.

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