A incredulidade e a realidade do espírito

O Amor de Jesus excede a todo o entendimento humano. Na sua abnegação e no desejo que mantinha de fazer crentes sinceros, não mediu as exigências do Apóstolo Tomé, que disse só acreditaria na sua ressurreição ou sobrevivência se o visse e o examinasse.
E Jesus, completamente materializado, torna-se visível e tangível ao seu discípulo, satisfazendo assim os imperiosos desejos que ele tinha de alicerçar sua fé sobre provas positivas. Ensinou mais o Mestre: que essa Fé não era negada a quem quer que fosse, e aqueles que acreditavam sem ver já se achavam amadurecidos na crença, pois que já haviam observado fenômenos, não tendo mais necessidade de provas positivas; por isso mesmo eram bem-aventurados.
Como se verifica, o modo de proceder de Jesus está em completo antagonismo com o dos sacerdotes das múltiplas Igrejas esparsas pelo mundo.
Enquanto estes exigem uma fé cega nos seus dogmas, Jesus procura demonstrar a Verdade com fatos palpáveis.
O Mestre não exige a escravidão da razão, o abastardamento do sentimento, antes respeita e proclama o livre-arbítrio de cada um, atributo esse concedido à criatura para o seu progresso moral, científico e religioso.
Consentindo Jesus que o seu Apóstolo o examinasse para poder crer na ressurreição, preveniu também a todos, por certa forma, que o Consolador, o Espírito da Verdade, que ele enviaria em nome do Pai, reproduziria a sua Doutrina não só com palavras, mas com fatos da mesma natureza por ele produzidos. A Religião não consiste só em palavras e fatos.
Assim como eu fiz, fazei vós também, disse o Divino Mestre a seus discípulos, porque eu fiz para vos dar o exemplo.
Em suas pregações dizia sempre Jesus aos que o seguiam: Aquele que crê em mim, rios de água-viva manarão de seu ventre, aludindo assim ao Espírito que deveria ser dado a todos que o seguissem.
Sem comunicação não há revelação, e sem revelação o homem material, ignorante, orgulhoso, egoísta, não poderia ocupar-se com assuntos que se referem à sua vida espiritual; retardaria o seu progresso e sua felicidade.
Assim como não pode haver fraternidade e paz sem religião, não pode também haver religião sem comunhão espiritual.

Cairbar Schutel, do livro Parábolas e Ensinos de Jesus, 1ª Edição – 1928.

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