Mocidade o espiritismo
Mensagem de luz ao povo
Descortina um mundo novo,
Guardado na tua mão,
Combate as sombras do abismo,
Exalta o amor que te elevas
Desata os grilhões de trevas
Da moderna escravidão.
Ausculta o horror do orbe aflito!
Nos campos de toda terra,
Vagueia o dragão da guerra
Em tremenda saturnal…
Vem das angústias do Egito,
Dos tormentos da Caldeia,
Empanando o sol da ideia,
Brandindo clava infernal.
O chamejante estandarte,
Ergueu sobre a Assíria forte
Espalhando em toda parte,
Incêndio devastador,
Trouxe à Pérsia – ruína e morte.
Da Grécia – extinguiu a vida,
Deixando Roma caída
Num lago de sangue e dor.
Mas, além do mostro hirsuto
Que nos recorda a caverna,
A ignorância governa
Prostíbulos e canhões.
A preguiça vive em luto,
Ódio torvo prevalece
Nos males de toda espécie
Enlouquecendo milhões,
Negro vício multiforme
Que de púrpura se veste,
Atormenta, mais que a peste,
Mendigos, ministros, reis…
Mas a verdade não dorme
E abrindo sulco profundo,
Desdobrará sobre o mundo
Novos tempos, novas leis.
Juventude – a nova era
Já resplende no horizonte,
Move os braços, ergue a fronte
No serviço varonil!…
Ama, crê, trabalha e espera,
Proclama a Fé que te invade,
Cantando a Fraternidade
Ao claro céu do Brasil.
Soldados do Cristo Augusto –
Tercemos armas da crença –
Detendo por recompensa
O divino dom de amar.
O Salvador, brando e justo,
Para as glórias do porvir,
Elege a senha – servir!
E manda a vida – marchar!
Sigamos, vanguarda afora
De coração descoberto,
Contemplando de mais perto
A fonte de eterna luz!
Acendamos nova aurora
Na noite que envolve o templo
Seguindo o sublime exemplo
Do Mestre Sábio da Cruz.
Combatem do nosso lado
Sem fuzis conquistadores,
Espíritos benfeitores
Buscando a paz de amanhã…
Ei-los – voltam ao passado!
São mil gênios sobre-humanos,
Choraram trezentos anos,
Nos circos da fé cristã.
Trazem fúlgidas bandeiras,
Entoam hinos felizes,
Bendizendo cicatrizes,
Santificados heróis!…
Atravessaram fogueiras,
Serviram a Deus, de rastros,
Volvem hoje de outros astros
Sóis brilhando noutros sóis!
Chico Xavier/Castro Alves
Recebida em reunião da Mocidade Espírita Maria João de Deus,
em Belo Horizonte. De “O Verbo Moço”, 23 de Abril de 1951.